terça-feira, 26 de março de 2013

OS PRIMÓRDIOS DA ARQUITETURA


         Não se pode falar de uma arquitetura pré-histórica no sentido artístico, apesar de seu caráter funcional. Os primeiros homo sapiens refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser em aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao pé de montanhas ou até no alto delas. Mais tarde eles começariam a construir abrigos com as peles dos animais que caçavam ou com as fibras vegetais das árvores das imediações, que aprenderam a tecer, ou então combinando ambos os materiais.
moradia pré-moradia



              
                    Para erigir seus monumentos, os homens da época provavelmente começaram por levantar uma coluna, em honra de um deus ou de um acontecimento importante. Esses monumentos pré-históricos, cravadas verticalmente no solo, às vezes bastante grandes chamadas de menir (do bretão men = pedra e hir = longa) que era um megalito, uma pedra grande, colocada verticalmente sobre o solo, apontando para o céu, uma forma fálica, que poderia ter muitas utilidades e significados, vitalidade, fertilidade, fecundidade, monumento comemorativo, utilidades astronômicas ou demarcações geográficas, mas era sempre um elemento que definia um espaço importante e significativo. Estas sociedades não poderiam ter erigido estes megalitos sem o uso da força conjunta ou da alavanca e esta é a origem do que é hoje denominada a coluna moderna nas construções.

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Alinhamento de Menir




                     Estas pedras (os menires) deram origem às colunas. Mais tarde percebeu-se que, usando três elementos, era possível construir. Assim nasceu o dólmen, em forma de mesa, ou o trilito (três pedras), formado por duas colunas que apoiavam uma arquitrave. Uma série de trilitos fez a colunata.
             Os trílitos consistiam em dois menires com uma pedra apoiada sobre eles formando o que é atualmente um pórtico de pedra. Os trílitos alinhados também se chamam cromeleques, o mais famoso é Stonehenge na Inglaterra, estes alinhamentos de trílitos correspondem ao que são hoje as chamadas arquitraves.
Trílito



               Posteriormente a complexidade destes megálitos aumentou dando origem aos dolmens (do bretão dol = mesa e men = pedra), eram trílitos encostados formando uma mesa de pedras ou uma grande pedra apoiada sobre vários menires que tinham funções mortuárias, também são conhecidos por antas, orcas, arcas ou palas. São mais encontrados na península hibérica embora existam em outras partes do mundo.

Dolmen


                   

     Menos comuns são as taulas (significa mesa, em catalão), são pedras horizontais apoiadas sobre uma pedra vertical formando um “T”, podendo ter uma pedra em diagonal apoiada nesta estrutura, também comuns na península ibérica.
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Taula de Talatí de Dalt, Menorca, Espanha (cerca de 1000 a.C.)

Nas primeiras casas, a arquitrave (trave horizontal que se apoia em duas ou mais colunas) - geralmente de madeira ou pedra - sustentava o dintel da porta de entrada e das pequenas janelas. Para abrigar as estátuas dos deuses, pensou-se num pórtico sobressalente, avançado, tanto para acolher a multidão de fiéis como para engrandecer a morada dos deuses. Esse pórtico saliente - pronau - era sustentado por um par de colunas e foi enriquecendo-se aos poucos até tornar-se um elemento decorativo indispensável.    


Arquitrave

                        

   Posteriormente surgiram as navetas, mais complexas mas ainda em técnica ciclópea (grandes pedras assentadas sem argamassa) com formas naviformes (parecidas com embarcações de cabeça para baixo), também comuns na península ibérica.
Naveta


                           Também os nuragos ou nuragues, é um tipo de torre-fortaleza troncocónica, próprio da Cultuta nuráguica (ou nurágica) da Sardenha, em que se aplica o princípio da falsa cúpula, originário do Mediterrâneo oriental. São construções que datam da idade do Bronze, a partir do II milénio a.C.
Nuragos

     Tipo de povoado da Idade do Cobre e da Idade do Ferro característico das montanhas do noroeste da Península Ibérica, na Europa. Os povoados eram construídos com estruturas predominantemente circulares, revelando desde cedo a implementação de uma «civilização da pedra», quer nas zonas de granito quer nas de xisto.




      Nos primórdios da História, egípcios e sumérios já dispunham dos elementos fundamentais de uma arquitetura artística. Em palácios e templos, os babilônios, hititas e persas levaram a arquitetura a um nível majestoso. Mas foram os gregos que superaram a arte oriental e egípcia com um gênio criador que até hoje pode ser admirado no Partenon de Atenas e em outros vestígios.
        Os deuses gregos não estavam separados dos homens. Conviviam com eles e tomavam de empréstimo suas feições. Por esse motivo, os templos eram construídos mais como moradias dos deuses que como lugares de adoração. Esculturas e pequenos modelos de argila, datados de 1.000 anos antes de Cristo e descobertos pelos arqueólogos, mostram que os primeiros templos eram semelhantes às cabanas dos gregos.
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Evolução dos estilos arquitetônicos na construção de templos
                       De duas colunas, a pronau evoluiu para uma série de colunas, depois duas séries, em plano inferior à principal sala do templo - a cela - cuja finalidade era poder suportar um teto maior. Acrescentou-se então outro pórtico na parte posterior do templo, o epistódomo. Por fim, o templo foi inteiramente rodeado por uma colunata, o peristilo. Essa colunata permitia a construção de edifícios maiores, porque, além das colunas, também as paredes internas sustentavam o teto e o beiral saliente resguardava da chuva as paredes de barro.
                        Nos prédios mais antigos, a colunata e todas as outras partes eram feitas não de mármore, mas de fortes troncos de madeira. Para resistir ao tempo, era necessário usar a pedra. Porém os gregos desejavam conservar os desenhos de seus templos. Por isso, cerca de 650 a.C., aparecem os primeiros templos de pedra esculpida, colocada exatamente como nos velhos edifícios de madeira. Poucos templos chegaram a conservar por alguns séculos as suas colunas de madeira. Em geral, conforme estragavam, elas iam sendo substituídas por outras iguais, porém de pedra.
                         A ordem arquitetônica, expressão usada pelos artistas gregos, designava o conjunto dos elementos que compunham a construção. Segundo as proporções e características decorativas desses elementos, principalmente das colunas, definiam-se então as diferentes ordens ( dórica,  jônica, coríntia e outras ordens).
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